As mais de 80 palestras,
oficinas e mesas de discussões em quatro dias de evento. O III Encontro
Internacional de Agroecologia, realizado em Botucatu, entre os dias 31 de julho
e 3 de agosto, renderam muitos frutos, entre eles a elaboração de três documentos.
Duas moções de repúdio e uma carta à sociedade.
Uma das moções de repúdio é
contra a forma como foi proposta e vem sendo conduzida a formação da Agência
Nacional de Assistência Técnica e Expansão Rural (Anater). De acordo com o doutor em Agroecologia
e organizador do III EIA, Rodrigo Machado Moreira, as consultas e as indicações
feitas pela sociedade e especialistas durante mais de 10 anos na construção da
Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER estão sendo
solenemente ignoradas. “Não é possível ouvir a sociedade e depois mudar tudo”,
lamenta.
A Anater foi aprovada por
unanimidade na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, no último dia 7 de agosto.
“Questionamos radicalmente essa
interpretação que fundamenta a criação da ANATER. Em primeiro lugar, porque a
maior parte do acervo tecnológico desenvolvido pelo SNPA (Sistema Nacional de Pesquisa
Agropecuária)não se ajusta à realidade da agricultura familiar e povos e
comunidades tradicionais por induzi-los a crescente dependência ao sistema
financeiro e agroindustrial. Tanto isso é verdade que a parcela da agricultura
familiar que vem incorporando as referidas tecnologias da modernização com
apoio das políticas do Estado estão cada vez mais dependentes do financiamento
público para reproduzirem seus sistemas de produção. O expressivo aumento dos
índices de endividamento da agricultura familiar nos últimos anos é uma
expressão inequívoca desse fenômeno”, diz trecho do documento. Leia na íntegra
aqui.
Outra moção de repúdio é contra
o Projeto de Lei 5575/2009, do deputado Cândido Vacarezza (PT/SP) que pretende
liberar o uso e produção de sementes Terminator no Brasil. Além da moção, a
organização criou uma petição pública para combater o assunto. Leia a moção aqui.
“A aprovação pouco cuidadosa do
cultivo de transgênicos no país configura-se como um dos exemplos mais
concretos de imposição tecnológica, que tem como resultado a degradação dos
recursos naturais e o desrespeito aos direitos humanos, econômicos, culturais e
sociais essenciais. Dentre as possibilidades de transgenia, uma das mais
preocupantes em estudo e desenvolvimento pelas grandes multinacionais na área
de sementes trata das Tecnologias de Restrição de Uso Genético, mais conhecida
como tecnologia Terminator. Essa tecnologia visa desenvolver cultivares
incapazes de germinar em sua segunda geração, ou seja, quando os grãos colhidos
são replantados pelos agricultores - caracterizando o que popularmente se
difundiu como “sementes suicidas”. A tecnologia visa reforçar a privatização
das sementes, fortalecendo a capacidade de cobrança de royalties por parte das
empresas, impedindo os agricultores de multiplicarem suas sementes e
obrigando-os a adquirir em todas as safras sementes patenteadas”, diz trecho do documento.
Para ler a íntegra e assinar a
petição, clique aqui.
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